quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dizem-me que tenho o coração ao pé da boca



Dizem-me que tenho o coração ao pé da boca, porque escrevo e digo o que me vai na alma.
Não posso conter dentro do meu peito tanto sentir. E muito mais hei-de escrever, porque se não tiver este escape, certamente morrerei, por tanto sentir, por tanto querer...é absurdo como se pode querer algo e ser-se cobarde para o executar, não é? mas é verdade.

Sofro atrocidades, dentro do meu peito, ninguém me compreende, só criticam, vê lá se cresces nessa tua cabeça, porque já não és uma adolescente, tens família, não podes andar por aí a pensar tolices!!!

Neste momento estou só, poucos amigos, porque há que dar explicações, falar de nós, eu não quero. Porque têm de saber o que sinto ? Só tenho de mostrar o que me vai cá dentro a quem eu quiser. A quem me vem aqui ler por exemplo, porque não sabe quem sou, desconhece-me.
Tanta coisa aconteceu na minha vida que não daria um, mas cinco ou seis romances.
Neste preciso momento vivo uma crise existencial. Estou farta da vida que tenho, nada mais me seduz, quero sair desta teia, mas não consigo, não tenho forças...sou livre na palavra mas não nos actos.
Sei que tenho família mas essa família já não me satisfaz, já não me seduz, já não nada, porque para eles sou a bengala, apoio, o suporte, o pilar, como alguém de vez em quando me faz lembrar!!!

Tive uma educação sólida mas tradicional, e quero fugir a todos esses dogmas, a todos esses ensinamentos. Quem mos ensinou foi quem mais pecou! É tudo falso, os valores ...é tudo a fingir, os políticos são todos iguais, contudo quando se estuda política dizem-nos que é uma das mais nobres profissões...se fossem honestos, isentos, se não quisessem enriquecer rápido e fácil, se não se deixassem corromper!!!

Há quem me diga que escrevo muito, como se existissem várias Marias em mim...e será que não existem?
Porque não posso também eu ser vil, porque não consigo cortar amarras, porque não pego em mim e me ponho a andar, partir, sair, ser outra, começar do zero, porque há em mim o preconceito que me é incutido pela sociedade. As mulheres não saem de casa. As mulheres de meia idade só pensam em sexo. Se aguentaste até aqui, tens de ir em frente, sem olhar para o lado. Merda, merda, merda....não tenho palas!

Depois, para além dos preconceitos, do que pode acontecer, de me vir a sentir sozinha e abandonada, sei lá, se depois não poderia  querer recuar,   sei que nunca o faria, por mais que doesse. E isso causa-me medo.
Por isso o salto custa, passar de uma margem para outra. Ah, pois...o medo do desconhecido, o medo do que se possa viver, o medo da mais absoluta solidão. E assim, lá vamos confortando alma e coração, sossegando ímpetos, tentando manter a calma e andar noite fora, como hoje, sem dormir, sem serenar, com o coração em brasa, de tão carente estar.

E sim, é verdade, escrevo muito, muito mesmo, tanto que por vezes me envergonho, passo o rato, marco e apago. Há tanta coisa que gostaria de escrever, de libertar, tantas gavetas fechadas, tantas pontas e novelos emaranhados,  e o pior é que o tempo vai passando e eu vou ficando cada vez  mais triste e cada vez mais só.

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