Tão bom e gostoso podermos acordar por nós, sem barulho ou despertadores....sentirmos
o nosso corpo regressar à vida.
Espreguiçar dentro da cama e em dia de frio e de inverno como
agora, darmos-nos conta que estamos num quase ninho.
O sítio da cama onde estamos,quente,doce e ameno,mas quando nos esticamos....encontramos o frio dos lençóis e de uma cama sem calor. E queremos de repente voltar ao ninho....mas esse vai sendo desfeito com o despertar do nosso corpo.
O sítio da cama onde estamos,quente,doce e ameno,mas quando nos esticamos....encontramos o frio dos lençóis e de uma cama sem calor. E queremos de repente voltar ao ninho....mas esse vai sendo desfeito com o despertar do nosso corpo.
Foi como se estivessemos a despertar de um pequeno
período de hibernação, onde nos mantemos quentes,
respiramos fragilmente e estamos fora do nosso quotidiano.
Pairando num limbo entre sonho e realidade, a cama quente onde nos aninhamos....
Pairando num limbo entre sonho e realidade, a cama quente onde nos aninhamos....
E mesmo dando na parte fria da cama, esticamos-nos várias
vezes, com os barulhinhos que nos saem
espontâneamente da garganta.
(Dizem que nos devemos esticar várias vezes ao dia. Esticar o esqueleto e os músculos, atrasa o envelhecimento das articulações e dos ossos, dos tendões e músculos....e nós queremos é ser jovens...)
Depois é quase um ritual, sair do ninho, esvaziar de fluídos orgânicos....abrir a
janela do quarto e ver o tempo lá fora, registar
para o nosso álbum fotográfico anual, com
o que estiver à mão, câmara ou telemóvel...
Até isso mudou...antigamente era num diário ou num caderno, onde cada dia tinha título, "sol, sem nuvens, azul de morrer", ou " nevoeiro, capacete...brisa marítima" ou ainda "chove a cântaros" ou "chove a pique, não se vê nada"...hoje fazem-se fotos porque o telemóvel é parte de nós...será?
Até isso mudou...antigamente era num diário ou num caderno, onde cada dia tinha título, "sol, sem nuvens, azul de morrer", ou " nevoeiro, capacete...brisa marítima" ou ainda "chove a cântaros" ou "chove a pique, não se vê nada"...hoje fazem-se fotos porque o telemóvel é parte de nós...será?
Depois é o velho ritual,
lavar dentes, beber um ou dois
copos com água.
Estar meia hora apenas com água no organismo. Dizem que purifica...acreditamos em tudo quando não queremos morrer, nem ficar doentes, queremos perpetuar o mais possível a juventude que se esvai a cada dia que passa!...
Dar comida aos peixes do aquário, abrir todas as persianas da casa e espreitar
lá fora.
Dar papa aos miaus
que andam atrás das nossas pernas
reclamando a primeira refeição, que já vem tarde.
Colocar a chaleira
com água e ligar à tomada para daí a meia hora fazer o aromático café
matinal, o que nos desperta os neurónios para a a vida.
Deixei de fazer à
máquina, à turca ou no passador de
papel, é tão melhor...tão mais espumado e aromático.
Odeio máquinas de cápsulas. Sabem-me os cafés todos a plástico quente...talvez porque tenho um paladar muito apurado, sei lá.
Odeio máquinas de cápsulas. Sabem-me os cafés todos a plástico quente...talvez porque tenho um paladar muito apurado, sei lá.
Darmos-nos conta do prazer que temos nestas pequenas coisas, prazeres recentes que só conhecemos quando estamos já quase a entrar na meia idade...noutros tempos, não havia tempo para um por cento do ritual de hoje, nem mesmo aos finais de semana...com filhos pequenos, é para esquecer!...
Mas afinal que nos resta, depois de trabalhar tantos anos, de criar filhos e de ter tido tanta responsabilidade, tanta chatice, (que a bem dizer continua a existir, só que nos borrifamos mais para ela), se não usufruir deste bem, destes momentos ?? !!
Resta-nos então agradecer ao Deus das pequenas coisas, por este pequeno
ritual.
E agradecer, acima de tudo, o termos acordado, esticado e
voltado a abrir os olhos, para olhar o azul do céu e as belas ondas do mar, o
verde dos campos, cheirar as coisas que amamos, e sentir...estou vivo, mais um
dia que ganhei!