sábado, 6 de fevereiro de 2016

O mundo tem de mudar, mas temos de querer que ele mude.





Ontem li um artigo sobre a indústria da carne nos Estados Unidos, que me perdoem  os que lá habitam ou os que  de lá são nativos, mas é dos piores pesadelos que existe em tudo. Falta de direitos humanos, falta de amor e indiferença que é pesada à tonelada, e a exploração de tudo. 
 
Coloco esta linda foto, porque não sou capaz sequer de olhar a outra de novo. É demasiado terrível.

Eu tenho lá família e garanto-vos que até eles se modificaram e estão bem mais "secos e indiferentes", porque poderá ser um país de oportunidades, para quem quiser vingar na vida e esteja preparado para ser pisado, viver clandestino, não ter direitos, não puder adoecer, comer toda a espécie de  "m****" / porcaria, sem saber de onde vem e como chegou ao seu prato ou dentro da suas sandes....

Meu próprio pai, viveu lá quarenta anos e precisou fugir, ele mesmo disse quando chegou, tenho de me purificar daquele país que aniquila até o coração mais puro.

Tive o azar de começar a ler o artigo e como sou extremamente curiosa, não consigo parar, mesmo sabendo que me vai fazer  sofrer.

Porque cada dia que passa tenho a consciência que o mundo tem de mudar, mas temos de querer que ele mude.

O tal artigo  focava sobre a industria de criação de animais, vitelos  mais especificamente.

E trazia uma foto, que não vou aqui colocar, ela parece um cemitério, com caixas que parecem caixões, mas não são, são a bestialidade que aquela gente arranjou para criar os borregos, que são tirados às mães mal elas os lavam depois da nascença, uma hora depois, os pobres, nunca conhecem o que é o sabor do leite materno, não conhecem o que é o calor de quem os trouxe ao mundo, numa cadeia infernal, de desprezo por toda a vida animal. E esse pobres animais, vão viver uns meses, fechados, sem nunca ver a luz do dia, sem se poderem mexer, nem movimentar, para que a carne fique tenra.


Quem me conhece há anos, desde criança, quando fiquei sem o meu pai porque foi à procura de outra vida fora de um país onde  havia uma ditadura de direita, sabe que dentro de mim, por esse facto gerou-se um certo ódio, por aquele país que, no que toca à minha vida, nada teve de culpa. Aprendi a ler  sobre tudo o que dizia respeito ao dito país, tenho lá irmãos e suas famílias, nunca tive desejo de lá viver.

A bestialidade com que tratam pessoas e animais salvo,  claro, os de bom coração que se enquadram nas mesmas fileiras  onde estou, de defesa dos desfavorecidos e dos sem voz, só me traz à cabeça um livro que desconheço o autor, onde alguém dizia que  o dito país tinha sido povoado,  como outros roubados aos povos nativos, por perjuros, meliantes e ladrões, assassinos que seriam até capazes de vender as suas mães.

O horror da bestialidade, traz-me sempre à cabeça o livro de Joseph Conrad,  que passado no interior de África, pode ser aplicado que nem uma luva, ao continente americano.



    " Sua escuridão era impenetrável. Olhava para ele como olharia alguém que se encontra no fundo de um precipício onde o sol nunca brilha."



    " O horror! O horror!"

Por culpa disto, esta noite foi apenas meio dormida e como sempre, partilho, por necessidade de esvaziar este sentimento que assola o meu coração, de tanta angústia, porque não consigo mudar o mundo, só a mim mudei.





"Coisa engraçada é a vida - misterioso arranjo de lógica implacável para um propósito fútil. O máximo que você pode esperar dela é algum conhecimento de si próprio... que chega tarde demais... uma colheita de inesgotáveis arrependimentos. (..). Se tal é a forma da última e definitiva sabedoria, então a vida é um quebra-cabeças maior do que alguns de nós supõem que seja. Eu estava milímetros da minha última oportunidade para fazer um pronunciamento, e descobri,com humilhação,que provavelmente não teria nada para dizer. Essa é a razão pela qual afirmo que Kurtz foi um homem notável. ele tinha algo a dizer. E disse. como eu próprio estive à beira do abismo, compreendi melhor o significado daquele seu olhar, que não podia ver a chama da vela, mas era amplo o suficiente para abraçar o universo inteiro, pungente o bastante para penetrar todos os corações que batem na escuridão. ele havia resumido - num juízo. ' O horror'" Joseph Conrad