Ontem li um artigo sobre a indústria da carne nos Estados Unidos, que me
perdoem os que lá habitam ou os que de lá são nativos, mas é dos piores pesadelos
que existe em tudo. Falta de direitos humanos, falta de amor e indiferença que
é pesada à tonelada, e a exploração de tudo.
Coloco esta linda foto, porque não sou capaz sequer de olhar a outra de novo. É demasiado terrível.
Eu tenho lá
família e garanto-vos que até eles se modificaram e estão bem mais "secos
e indiferentes", porque poderá ser um país de oportunidades, para quem
quiser vingar na vida e esteja preparado para ser pisado, viver clandestino,
não ter direitos, não puder adoecer, comer toda a espécie de "m****" / porcaria, sem saber de
onde vem e como chegou ao seu prato ou dentro da suas sandes....
Meu próprio
pai, viveu lá quarenta anos e precisou fugir, ele mesmo disse quando chegou,
tenho de me purificar daquele país que aniquila até o coração mais puro.
Tive o azar
de começar a ler o artigo e como sou extremamente curiosa, não consigo parar,
mesmo sabendo que me vai fazer sofrer.
Porque cada
dia que passa tenho a consciência que o mundo tem de mudar, mas temos de querer
que ele mude.
O tal
artigo focava sobre a industria de
criação de animais, vitelos mais especificamente.
E trazia uma
foto, que não vou aqui colocar, ela parece um cemitério, com caixas que parecem
caixões, mas não são, são a bestialidade que aquela gente arranjou para criar
os borregos, que são tirados às mães mal elas os lavam depois da nascença, uma
hora depois, os pobres, nunca conhecem o que é o sabor do leite materno, não
conhecem o que é o calor de quem os trouxe ao mundo, numa cadeia infernal, de
desprezo por toda a vida animal. E esse pobres animais, vão viver uns meses,
fechados, sem nunca ver a luz do dia, sem se poderem mexer, nem movimentar,
para que a carne fique tenra.
Quem me
conhece há anos, desde criança, quando fiquei sem o meu pai porque foi à
procura de outra vida fora de um país onde
havia uma ditadura de direita, sabe que dentro de mim, por esse facto
gerou-se um certo ódio, por aquele país que, no que toca à minha vida, nada
teve de culpa. Aprendi a ler sobre tudo
o que dizia respeito ao dito país, tenho lá irmãos e suas famílias, nunca tive
desejo de lá viver.
A
bestialidade com que tratam pessoas e animais salvo, claro, os de bom coração que se enquadram nas
mesmas fileiras onde estou, de defesa
dos desfavorecidos e dos sem voz, só me traz à cabeça um livro que desconheço o
autor, onde alguém dizia que o dito país
tinha sido povoado, como outros roubados
aos povos nativos, por perjuros, meliantes e ladrões, assassinos que seriam até
capazes de vender as suas mães.
O horror da
bestialidade, traz-me sempre à cabeça o livro de Joseph Conrad, que passado no interior de África, pode ser
aplicado que nem uma luva, ao continente americano.
" Sua escuridão era impenetrável.
Olhava para ele como olharia alguém que se encontra no fundo de um precipício
onde o sol nunca brilha."
" O horror! O horror!"
Por culpa
disto, esta noite foi apenas meio dormida e como sempre, partilho, por
necessidade de esvaziar este sentimento que assola o meu coração, de tanta
angústia, porque não consigo mudar o mundo, só a mim mudei.
"Coisa engraçada é a vida - misterioso arranjo de lógica
implacável para um propósito fútil. O máximo que você pode esperar dela é algum
conhecimento de si próprio... que chega tarde demais... uma colheita de
inesgotáveis arrependimentos. (..). Se tal é a forma da última e definitiva
sabedoria, então a vida é um quebra-cabeças maior do que alguns de nós supõem
que seja. Eu estava milímetros da minha última oportunidade para fazer um
pronunciamento, e descobri,com humilhação,que provavelmente não teria nada para
dizer. Essa é a razão pela qual afirmo que Kurtz foi um homem notável. ele
tinha algo a dizer. E disse. como eu próprio estive à beira do abismo,
compreendi melhor o significado daquele seu olhar, que não podia ver a chama da
vela, mas era amplo o suficiente para abraçar o universo inteiro, pungente o
bastante para penetrar todos os corações que batem na escuridão. ele havia
resumido - num juízo. ' O horror'" Joseph Conrad