sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O que procuro

Quero ser feliz, com uma vida simples, cultivando aquilo que importa mesmo na vida, sem atropelos de consumismos, virada para dentro e para a natureza, com coisas simples,  é a filosofia que sigo e quero continuar a seguir,  sem dogmas de qualquer religião.
Quando digo amo a Deus, o meu Deus é a Natureza, o Cosmos, tudo o que me envolve, a música que oiço e escolho dia a dia para me acompanhar no percurso de mais 24 horas...
Quem me lê, perguntem-me e dir-vos-ei, tão variada quanto os meus humores, pode ir no espaço de horas de uma ópera, ao rock, porque já percebi que por vezes a loucura habita em mim, porque ninguém me compreende, sou  já um caso perdido, porque não sou uma mas mais, e tenho múltiplos interesses. Por isso tanto me identifico com Pessoa, tão bem o percebo, e não creio ser apenas eu que sou assim, enorme dentro de mim própria. Tão grande este sentir e esta felicidade ou mágoa, dor ou solidão, contentamento ou tristeza, que me assusto e chego a duvidar que sou tudo isso.

É como as leituras, desde o pobre  jornal gratuito até ao livro comprado, tudo leio, mas se não aprecio, abandono, e marco a página e comento num papelinho porque abandonei.
Mais tarde volto a ler, volto sempre...há livros que leio quatro e cinco vezes, por tanto gostar, por tanto me dizerem algo. Muitas vezes porque já não recordo porque não acabei aquele livro, leio o tal papelinho que deixei, como já não recordo o início, volto a recomeçar o livro, e depois posso até não entender como  escrevi a notinha de abandono...loucura, não isso depende dos olhos que temos naquele dia. É por isso que, quando um livro me agrada, leio de um fôlego, sem dormir, para não deixar de me agradar. Parece-vos loucura certamente, mas é assim, raramente deixo um livro a meio para o recomeçar no dia seguinte.  Para que a imagem que ele cria em mim, fique para sempre. Se por acaso vou lendo, aos bocados, é porque esse livro vai tendo revelações sucessivas e também porque estou calma, bem com Deus e com o demónio, ou melhor dizendo, esquecida de mim.

Viver não é fácil, é um percurso de todos os dias, todos os minutos que  percorremos até chegar ao nosso inevitável final. Viver é penoso, difícil e muita vezes a nossa caminhada é na mais absoluta solidão...porque estamos sós, em nós, mesmo que rodeados de gente,  ninguém pensa como nós, ninguém que vive connosco percebe o mesmo que nós e o nosso percurso de vida foi-nos dando fibra, endurance,  nós fomos crescendo, evoluindo, e os outros ficaram para trás...nunca mais é a mesma coisa, por mais que se tente.
Por isso estou sempre a dizer aos que me rodeiam, nunca deixem de ler e estudar, porque nós somos aquilo que aprendemos, aquilo que lemos, a música que ouvimos.
Todas as coisas que aprendemos jovens e adultos, nos bancos das universidades que frequentámos, vão-nos dando um tecido, uma rede, pela qual filtramos apenas o que interessa. Os interesses mudam, os anseios, as vontades, a maneira de perceber o mundo que nos rodeia, o ponto onde Deus nos levou até percebermos que Ele é tudo, tudo mesmo e só por isso, porque os que me rodeiam fazem parte desse todo, é que me tenho vindo a aguentar, dentro deste barco sem remos, sem motor, num rio com muitos rápidos, com quedas de água,   precipícios, que vamos cada dia vencendo.
Por vezes a batalha é na nossa cabeça, e sofremos e choramos, porque estamos sós, abandonados, carentes de amor. Será isto a loucura? Será que sou eu que estou mal, pirulas, teté, chanfrada?
Sim, certamente, se comparada com o comum dos mortais, só que eu, não sou comum, sou muito complicada do estilo ou se ama perdidamente, ou se odeia.

Cada dia que passa me sinto mais diferente das pessoas...por vezes estou num determinado local, como hoje, numa praia de rochas, com pouca areia e muitos calhauzinhos rolantes, o céu azul de um infinito absoluto, a água quase transparente, não inerte mas pelo contrário um pouco mexida já que a maré estava a subir...uma senhora foi tomar banho, precisamente para o sítio mais perigoso...deitou-se e deixou-se balançar ao sabor das ondas.
Mal a vi avançar para aquele sítio pensei, entras mas não sais, ...qual a razão pela qual as pessoas não avaliam o risco, não se preocupam  de fazer o que querem, e correr até riscos para depois  incomodar outras pessoas  que estão "com os anjos", numa simbiose perfeita com a natureza. Nada pode ser perfeito, é isso.
Há dias, como hoje, em que eu e o mar fomos um, eu e o ambiente que me envolveu....gosto de fechar os olhos e sentir o movimento das ondas no meu corpo, ora acariciantes ora mais violentas como no acto do amor, manso ou violento e sedento.
Quando tenho oportunidade de ir à beira mar, é como se rejuvenescesse anos, como se renascesse dentro de mim. Depois, todo o resto do dia corre melhor, tudo é mais bonito, mais brilhante, todas as etapas são mais bem conseguidas e eu estou em paz porque estou com Deus.

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