segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O que importa

Quando a morte acontece nos quatro cantos do Globo por razões diversas, atentados, guerra, e a pior de todas, aquela a que não se pode fugir, o genocídio lento de populações inteiras que vivem subjugados a ditadores predadores e insensíveis e que morrem de fome aos milhares, quando quem os governa bebe por copos de ouro.


Porque a vida é tão injusta e cruel para tantos que não tiveram o poder de escolha pelo sítio onde nasceram e que ao tentarem sair desse degredo de morte são vítimas de afogamento e da maldade e insensibilidade dos homens que governam e que, todos sem excepção, mesmo os que são eleitos em eleições livres, todos querem rasar a divindade e todos sem excepção querem sentir dentro de si esse poder, esse sentimento  corrompido que os leva à destruição enquanto pessoas, à perdição!


Por esse motivo e porque infelizmente o mundo à minha volta não me é indiferente, vamos celebrar, um pouco egoisticamente também, a paz que apesar de todas as troikas e abusos de poder mal são eleitos, as coisas simples da vida e vamos buscar inspiração em pessoas que vivem simplesmente as suas vidas, um dia de cada vez, numa quietude mansa mas não indiferente.


São as pequenas coisas da vida, que recordamos para sempre e que ficam registadas nas nossas múltiplas memórias. O cheiro do bolo da avó, a roupa acabada de lavar e a cheirar a alfazema, a cera dos soalhos acabada de esfregar e que espera pelo puxar de lustro, as barrelas das dias de festas, em que as casas eram viradas do avesso para tudo estar limpo e cheiroso para receber o nascimento de Jesus ou a sua crucificação.
São essas pequenas coisas, recordações, sentidos que ficam para sempre registados, como o prazer, o ou os livros que nos levaram ao paraíso, a música que nos faz bater o coração, um dia de chuva com o céu azul clarinho e os raios de sol a passarem, com uma luz difusa, que nos leva a pensar como seria o dia da criação. Um pôr de sol, junto ao mar, que mal se distingue onde é a linha do horizonte, de tanto púrpura, céu e terra, misturam-se numa fusão de ardor, lindo de morrer.


Luxos, consumismos, falsidades e enganos, tudo passa, tudo tem um fim. O que importa mesmo são os deuses das pequenas coisas do nosso quotidiano, que nos marcam para sempre e a quem temos que agradecer pela dádiva da vida. O que importa mesmo é o nosso sentir, isso ninguém nos pode tirar, porque podemos sempre sonhar, mesmo que o mundo à nossa volta caminhe para o Caos. Os antigos gregos julgavam que o mar era o caos, porque era profundo e quando os barcos dos seus guerreiros afundavam, poucos se salvavam. Acreditavam que o deus dos mares os castigava porque o pouco mar que conheciam era próximo...o desconhecido era o caos. Hoje já não há desconhecidos, tudo se passa à distância de um clic, no entanto, o mundo caminha para o caos, para a perdição.

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