terça-feira, 23 de agosto de 2016

Felicidade é uma questão de escolha



Felicidade é uma questão de escolha

“A vida de todo ser humano é um caminho em direcção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro.”

in «Demian» de Hermann Hesse




Podemos ter momentos de felicidade. Mas esse conceito tão em voga faz parte das modas e livros de auto ajuda. Há muito quem pregue para poucos e se convença que é para milhões. Infelizmente a maioria dos mortais humanos e animais nunca vai sequer imaginar o que significa "a felicidade é uma escolha"..... e para mim, entenda-se, nada tem a ver com posses materiais, metas atingidas, riqueza. Tem a meu ver, com o nosso íntimo e a paz interior que conseguimos atingir num mundo de infernos. Poucos lá chegam. Assim como milhões se convencem que vivem e apenas respiram para vegetar. Aí é que está a diferença das pessoas. Não na cor de olhos ou cabelo ... ter muito ou pouco. Tudo fica cá e se hoje tem valor, amanhã é sucata, terra, tijolo....areia. Só o que está na nossa mente tem valor e nos pode fazer almejar o estado de paz e felicidade !!!

Foto: Charlot ( Charlie Chaplin)

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O poder do Agora e os agoras do nosso passado

Dizem os antigos e modernos filósofos chineses e tibetanos que somos o que pensamos, hoje a ciência prova-o, o pensamento tem influência na nossa vida e  faz até mudar os nossos rumos, influencia o nosso dia a dia.

Mas tal como encontro em Lobo Antunes,somos essencialmente memórias. Terrível isso, de não conseguirmos esquecer nada, às vezes bem queria, ter uma varinha mágica e eliminar ou poder fazer como se faz nos computadores, marcar e "delete"....infelizmente isso não é possível.
Queria ter a força de  Eckhart Tolle : 
 
“As pessoas não percebem que agora é tudo o que é, não existe passado ou futuro excepto como uma memória ou antecipação em nossas mentes”, in O poder do Agora.

Podemos nós viver sem o passado?? Podemos! se sofrermos de amnésia ou Alzheimer. Aí diz-se que nos esquecemos de nós e do nosso "eu" não foi construídos nos "agoras" que fazem o nosso passado??.
Eu sou muitos dias de agoras que passaram e fazem o meu passado e apenas uns segundos de agora. Logo, logo, o presente é passado. 

 "The ultimate truth of who you are is not I am this or I am that, but I AM" - Eckhart Tolle

Aqui concordo com ele, nós não podemos rotular-nos como sendo isto ou aquilo, nós somos e cada pessoa, cada homem é um mundo, pr mais semelhante do seu semelhante, sempre um mundo diferente.
Não há duas pessoas que pensem igual.

Mesmo os casais que vivem uma vida juntos, pensam muito diferente, mas a companhia do outro, faz parte do seu percurso, saem como e com que podem contar, sabem como vão reagir, sabem como raciocinam,  e isso dá-lhes um conhecimento do outro, mas não quer dizer que pensem igual.
A cumplicidade, a tolerância, a amizade, o profundo conhecimento que têm um do outro, lavam a vidas longas em conjunto. Isso na maioria das vezes é muito mais forte do que o amor, esse está lá e ambos têm o passado de lembranças da mesma paixão, a partilha dos tais agoras que fazem o passado conjunto.

Quem aqui vem, sabe que adoro filosofia. Vários são os meus filósofos de eleição. Dos mais recentes Ortega Y Gasset, mas sou existencialista até à medula.
Por isso me encantei com algumas das frases deste homem, que estou a conhecer que não é filósofo, mas desenvolve teorias filosóficas.
Na realidade nós só podemos existir agora, no momento que logo passa a passado e só existimos  porque os nossos órgãos trabalham,o sangue corre, o feixe de células que constitui o nosso tecido cerebral, processa, julga, faz a sua razão e,  nós guardamos ou não ligamos. Ao contrário do que muita gente julga, não registamos apenas o mais e o menos dos agoras, registamos tudo. Mas muitos são tão distraídos que vão passando na vida sem sequer tomar consciência do que são e do que fazem por aqui. Outros há, que registam tudo, até pormenores banais. Porque não somos iguais, nem todos temos a mesma capacidade de memória, ou não aprendemos a guardá-la. Nem o nosso cérebro é igual ao do nosso vizinho. Todos somos diferentes e como diz este senhor, nós somos!! Isto é : "I am "( eu sou).

Alguém que por aqui passa já leu algo de Eckhart Tolle ?  Estou a ler : "Um novo Mundo - despertar para a essência da Vida".
Não será um filósofo, mas um moderno guru, que tenta trazer paz a muita gente através de uma filosofia que veio desenvolvendo enquanto professor.
Tem algo que eu gosto, aceita todas as religiões,mas não tem nenhuma. Isso agrada-me sobremaneira, sinto-me em casa. Sou panteísta, o meu Deus é o universo onde tu e eu estamos e nos incluímos.

Se quiserem comentem.




  
Deepak Chopra ( à direita da imagem, a quem sigo quase diariamente há muito)   e Eckhart Tolle, que é um homem pequeno, se passasse por ele na rua certamente não reagiria, como reajo aos seus escritos.
Mais um dos meus conceitos que cai por terra, não sou apreciadora de homens pequenos. Mas é a tal coisa, julgar o livro pela capa. 

Immanuel Kant era pequeno e era um gigante. Muitos outros existiram, o mais conhecido talvez, Napoleão.

Preconceito apenas e eu ainda tenho muitos. Vão indo embora, com muita leitura e tomar consciência de que por mais que leia e aprenda, nunca saberei o tanto que sabem alguns eleitos e o tanto que existe para aprender.

A Idealização do Amor,



A Idealização do Amor

Eu estava a pensar na forma como se poderá entender o amor, à luz da minha formação. Da minha perspectiva, depende daquilo que o outro representa, se o outro é um prolongamento nosso, é uma parte nossa, como acontece muitas vezes, ou é uma idealização do eu de que falaria o Freud. No sentido psicanalítico poder-se-ia dizer que o amor corresponde ao eu ideal e, portanto, à procura de qualquer coisa de ideal que nós colocamos através de um mecanismo de identificação projectiva no outro.

Portanto, à luz de uma perspectiva científica, como é apesar de tudo a psicanalítica, o problema começa a pôr-se de uma forma um bocado diferente. Nesse sentido e na medida em que o objecto amado é sempre idealizado e nunca é um objectivo real, a gente, de facto, nunca se está a relacionar com pessoas reais, estamos sempre a relacionarmo-nos com pessoas ideias e com fantasmas. A gente vive, de facto, num mundo de fantasmas: os amigos são fantasmas que têm para nós determinada configuração, ou os pais, ou os filhos, etc.

(...) O amor é uma coisa que tem que tem que ver de tal forma com todo um mundo de fantasmas, com todo um mundo irreal, com todo um mundo inventado que nós carregamos connosco desde a infância, que até poderá haver, eventualmente, amor sem objecto. O amor não será, assim, necessariamente, uma luta corpo a corpo, ou uma luta corporal, mas pode ter que ver realmente com outras coisas, uma idealização, um desejo de encontrar qualquer coisa de perdido, nosso, que é normalmente isso que se passa, no amor neurótico, ou mesmo não neurótico. Quer dizer, é a procura de encontrarmos qualquer coisa que a nós nos falta e que tentamos encontrar no outro e nesse caso tem muito mais que ver connosco do que com a outra pessoa. Normalmente, isso passa-se assim e também não vejo que seja mau que, de facto, se passe assim.

António Lobo Antunes, in "Diário Popular (1979)"

Via Citador.pt/



Há poucos homens jovens que me virariam a cabeça. Talvez pela PDI, hoje eu seja diferente, mas nunca pensei igual. Acho que vamos sentindo atracção, mais pelo intelecto do que pelo físico.

Depois, há em Lobo Antunes como que uma criança perdida, o olhar e também as muitas memórias. 
Adoraria conhecê-lo e conversar com ele, saber o porquê de tanta angústia. Mas depois recordo-me de mim. Também eu sou muito de passado. E as marcas doem demais sim.